Zeppelin em Porto Alegre
Antes de os aviões se tornarem estáveis o bastante para levar passageiros sobre o Oceano Atlântico, existiu uma opção de transporte aéreo entre a Europa e a América do Sul: os dirigíveis, conhecidos como zepelins, em homenagem ao alemão Ferdinand von Zeppelin (1838-1917), que idealizou e construiu os primeiros equipamentos desse tipo. Um dos mais famosos foi o Graf Zeppelin, que realizava voos comerciais regulares entre a Alemanha e o Brasil nos anos de 1930. Não é difícil imaginar o alvoroço que tomou conta de Porto Alegre em 1934, quando anunciou-se que a portentosa aeronave iria sobrevoar a cidade, em um trajeto experimental entre Rio e Buenos Aires.
A passagem do Graf Zeppelin pelo Rio Grande do Sul, em 29 de junho de 1934, foi muito marcante para a cidade.
O dirigível alemão – símbolo e orgulho da tecnologia da Alemanha de Hitler – que fazia a linha entre Berlim e Buenos Aires, com escalas em Recife e no Rio de Janeiro, era um gigantesco charuto voador de 235 metros de comprimento. Porto Alegre não estava na rota, mas acabou incluída a pedido da Sociedade Austríaca de Beneficência.
O Zeppelin passou por São Leopoldo e avançou para Porto Alegre, com quatro horas de atraso sobre o horário previsto.
“Foi um sobrevoo mágico, a 200 metros de altitude, com 15 minutos de evoluções. No centro de Porto Alegre, o Zeppelin deu duas voltas em torno do Palácio Piratini. A Catedral ainda estava em construção e muita gente se empoleirou nos andaimes das torres para ver melhor. Depois do espetáculo, o imenso pássaro de prata retomou o trajeto para a Argentina (RS, um Século de História, de Carlos Urbim, Ed. Mercado Aberto)”.
O Criador do Zeppelin
O dia 5 de agosto de 1908, foi uma data-chave na história da aviação moderna, pois foi quando o conde Ferdinand von Zeppelin, pai do dirigível, concluiu com sucesso sua viagem de 24 horas a bordo do Luftschiffe Zeppelin IV, o LZ4, que horas mais tarde foi consumido por um incêndio.
O lendário conde Zeppelin, que deu seu nome à invenção, conseguiu realizar com sucesso a viagem de teste de sua aeronave, com qual partiu de Friedrichshafen e sobrevoou Basiléia, Estrasburgo, Karlsruhe e Mainz. Apesar de problemas técnicos em um dos motores, o conde aterrissou com sucesso às 8h do dia 5 na localidade de Echterdingen, em Baden-Württemberg (sudoeste da Alemanha), onde 100 mil pessoas o esperavam para aclamar sua proeza.
— Toda a Alemanha tem febre pelo Zeppelin — diziam os jornais da época.
O periódico regional Württembergische falou de uma “migração da população”, pois muitas pessoas deixaram seus trabalhos para poder assistir à chegada do globo dirigível e seu criador. A maioria dos especialistas concorda que esse dia marcou o início da vida adulta do Zeppelin.
Horas depois, já em terra firme, o Zeppelin ardeu em chamas com a explosão de seus depósitos de hidrogênio por causa de uma tempestade e mesmo com os esforços de dezenas de pessoas que foram tentar socorrer a aeronave.
Este fato, curiosamente, foi chamado pela imprensa alemã de “desgraça nacional”, e traria ao caso uma fama ainda maior, que o ajudaria a obter 6 milhões de marcos alemães —a maior parte de doações —para a construção de um novo modelo de sua bem-sucedida nave. O governo alemão decidiu comprar o Zeppelin para usos militares e, no ano seguinte, a utilização do aparelho se estendeu à aviação civil.
Entre 1909 e 1914, mais de 30 mil pessoas viajaram a bordo de um Zeppelin em cerca de 1,5 mil vôos na Alemanha.
A produção do Zeppelin , cuja imagem foi utilizada nos anos 1930 pelo Terceiro Reich como símbolo da nova Alemanha, foi interrompida depois que, em 1937, 35 pessoas morreram a bordo do LZ129 Hindenburg, em um incêndio pouco antes da aterrissagem em Nova Jersey (Estados Unidos). A nave, batizada em homenagem ao presidente alemão Paul von Hindenburg, foi um dos maiores Zeppelins construídos na época, com 245 metros de longitude.
A catástrofe comoveu a opinião pública em grande parte devido às emocionantes transmissões ao vivo feitas por um repórter da emissora WLS, de Chicago.
FONTE:
Jornal Zero Hora, edições de 5 de agosto de 2008, 26 de junho de 2010 e 15 de junho de 2013