VIRGIÍLIO CALEGARI
Virgílio Calegari, natural de Bérgamo (1868), Itália, chegou ao Brasil em 1881, com os pais Rosa e Oscar Calegari. Inaugurou seu estúdio primeiramente da Rua do Arroio (atual Rua Bento Martins) nº 40. Dois anos depois transfere-se para a Rua dos Andradas nº 171, seu endereço definitivo.
Sinara Bonamigo Sandri, destaca em seu texto 1 que Calegari destacou-se pela intensa atividade profissional e pela forma de captar a “experiência urbana” que se modificava no ambiente de passagem do século XIX para o século XX.
Da produção de sua longa carreira, iniciada com o primeiro estúdio instalado em 1883, restaram alguns álbuns e cópias em papel que estão sob a guarda de instituições públicas, além de um importante conjunto, com cerca de 2.200 negativos de vidro, que pertence a um acervo particular e que ainda não foi objeto de qualquer trabalho sistemático de pesquisa acadêmica. […] Além de empresário e retratista de talento inquestionável, estamos diante de um profissional que dominava a tradição da fotografia de paisagem do século XIX, experimentando e incorporando o desafio de captar a cena urbana de uma cidade que sofreu os intensos processos de reformulação do século XX.
Virgílio Calegari recebeu inúmeras premiações em reconhecimento pela qualidade do seu trabalho. Carolina Martins Etcheverry 2 relata que a insígnia da Cruz de Cavaleiro, recebida da Coroa italiana em 1910, acompanhou outras distinções:
Como a medalha de ouro no concurso de fotografias que ocorreu paralelo à exposição Industrial e Comercial de Porto Alegre, em 1901; a medalha de prata, em 1904, na Exposição Mundial, em San Luiz, Estados Unidos; a medalha de ouro de primeira classe em Paris, na Exposição Colonial e Sul Americana, em 1906; no mesmo ano Calegari recebeu mais duas medalhas de ouro, em Milão, na Exposição Internacional de Milão e no Comitato Consular. Em 1907 o fotógrafo recebeu mais dois prêmios máximos, um na Exposição de Arte e Higiene de Londres e outro na Exposição de Arte e Manufatura Internacional, em Madri. No ano seguinte, recebeu o Grande Prêmio da cidade do Rio de Janeiro (SANTOS, 1998). Ou seja, de 1901 a 1910 Calegari acumula para si oito prêmios e uma distinção da Coroa italiana.
Muito do sucesso do fotógrafo deve-se aos trabalhos executados pelo seu ateliê onde a fotografia era associada a arte e imagens de “personalidades famosas” da sociedade da nossa cidade eram reproduzidas em retratos a óleo, como o de Júlio de Castilhos, com a assinatura de Calegari. Carolina Martins Etcheverry, registra que “a primeira dama do estado, D. Carlinda Borges de Medeiros, personagem que foi incansavelmente registrada pela câmera do Ateliê Calegari.” 3
FONTES:
1 Sandri, Sinara Bonamigo, Um Fotógrafo na Mira do Tempo – Porto Alegre, por Virgílio Calegari – Dissertação de Mestrado – Orientadora Prof. Dra. Sandra Jatahy Pesavento, UFRGS –Julho, 2007
2 Etcheverry, Carolina Martins, Visões de Porto Alegre nas Fotografias dos Irmãos Ferrrari (c. 1888) e de Virgílio Calegari (c. 1912) – Dissertação de Mestrado – Orientador Prof. Dr. Francisco Marshal – UFRGS, 2007, p. 112 (SANTOS, Alexandre Ricardo dos, A fotografia e as representações do corpo contido – Porto Alegre 1890-1920 – Dissertação de Mestrado, Porto Alegre, UFRGS)
3 Citando SANTOS, Alexandre Ricardo dos, A fotografia e as representações do corpo contido – Porto Alegre 1890-1920 – Dissertação de Mestrado, Porto Alegre, UFRGS, 1998, p.28
IMAGENS:
Correio do Povo – Memória.
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