Os filmes dos Irmãos Lumière
“aqueles primeiros filmes feitos por um homem que girava uma simples manivela de um pequeno caixote ainda nos impressionam por sua beleza e nos oferecem um registro vivo de um tempo passado, de uma outra época.”
Os Lumière1 tinham uma empresa que fabricava equipamentos e produtos fotográficos na cidade de Lion, na França. O projeto para o cinematógrafo foi encaminhado ao engenheiro Jules Carpentier para montagem e testes. O aparelho era compacto, versátil e de simples manuseio, uma verdadeira maravilha, segundo palavras do próprio engenheiro ao concluir seu trabalho. Os Lumière sugeriram algumas modificações e ao receberem de Carpentier as primeiras vinte e cinco câmeras viram que o cinematógrafo estava perfeito. Um compartimento de madeira alimentava a máquina com o filme e uma manivela era girada na parte posterior.
A distância focal da lente era de uma polegada para dar a mesma perspectiva do olho humano. O filme, com suas perfurações, poderia ser colocado em poucos segundos. O cinematógrafo também podia fazer cópias com um filme virgem. Com um arco voltaico e mudança de lentes podia também tornar-se um projetor.
O principal concorrente, Edison, tinha um equipamento grande e pesado, difícil de ser transportado. O cinematógrafo pesava apenas 4,5 kg. Tudo reunido em uma única caixa. Um único operador podia filmar, processar e projetar.
Os Lumière estavam prontos para mostrar o cinema ao mundo.
Alice Dubina Trusz2 em seu livro Entre Lanternas Mágicas e Cinematógrafos – as origens do espetáculo cinematográfico, relata: “a primeira demonstração pública e paga do aparelho de projeção criado pelos irmãos Lumière para um coletivo de espectadores, realizada em dezembro de 1895 no Grand Café, em Paris, foi considerada, enquanto espetáculo de projeções, um marco na história do cinema.“
Já Claude Beylie, na página 64 de seu livro “As obras-primas do cinema” (Martins Fontes, São Paulo, 1991), comenta que “o cinematógrafo dos irmãos Lumière acumulava o êxito de uma curiosidade científica (projeção de imagens animadas, recriando o movimento da vida), de uma arte (aparentada à fotografia), de um espetáculo (bem feito para atrair um grande público), enfim – e, quem sabe, sobretudo – de uma indústria”.
OS FILMES EXIBIDOS NO GRAND CAFÉ
Os filmes foram feitos com o cinematógrafo em formato 35mm, 16 quadros por segundo, apresentados no Salão Indiano do Grand Café, em Paris, no dia 28 de dezembro de 1895.
A sequência de projeção teria sido a seguinte: La Sortie de l’Usine Lumière à Lyon, La Voltige, La Pêche aux poissons rouges, Le Débarquement du Congrès de Photographie à Lyon, Les Forgerons, Le Jardinier,Le Repas, Le Saut à la couverture, La Place des Cordeliers à Lyon, La Mer.
La Sortie de l’Usine Lumière à Lyon
La Voltige
La Pêche aux poissons rouges
Le Débarquement du Congrès de Photographie à Lyon
Les Forgerons
Le Jardinier
Le Repas
Le Saut à la couverture
La Place des Cordeliers à Lyon
La Mer
Clique no link abaixo. No próximo artigo continuamos a apresentar aspectos da origem e evolução historiográfica do cinema, do final do século XIX a meados do século XX para, ao final, inserir Porto Alegre nesse contexto.
FONTES:
1 Setor de Cinema do Museu da Comunicação Hipólito José da Costa
2 Trusz, Alice Dubina, Entre Lanternas Mágicas e Cinematógrafos – as origens do espetáculo cinematográfico em Porto Alegre, 1861 – 1908, Ed. Terceiro Nome, 2010 – Alice Dubina Trusz possui doutorado (2008), mestrado (2002) e graduação (1989) em História, com formação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Realizou estágio de pós-doutorado na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (2011-2012) e estágio de doutorado na École des Hautes Études en Sciences Sociales, em Paris/FR (2005-06).