Mário Totta

Mário Totta

Nasceu em Porto Alegre em 5 de janeiro de 1874 e faleceu em 17 de novembro de 1947. Em Porto Alegre, no final do Século Dezenove surgiu um grupo de cronistas chamados modernos, do qual fazia parte Mário Totta. Cronista perspicaz, crítico mordaz dos costumes da época, teve o mérito de publicar, junto com os cronistas do jovem jornal Correio do Povo, José Paulino Azurenha e José Carlos de Souza Lobo, o primeiro romance com olhar voltado para cidade: Estrychnina. A narrativa, publicada em 1897 foi baseada num fato verídico de um casal de apaixonados, Neco Borba e Chiquinha Gomes que, por dificuldades financeiras, se suicidam com a ingestão de Estricnina. O romance é uma transposição de um fato real para a narrativa longa, somente trocando os nomes das personagens. Este texto tem o mérito de ser a primeira narrativa longa, cujos personagens circulam, vivem e morrem numa cidade em grande transformação, como era Porto Alegre na época. Seria algo semelhante ao que se passara em Paris, de 1850 a 1870, quando da grande reforma introduzida pelo Barão Haussmann. Neste período, o poeta e escritor Beaudelaire, defensor das mudanças, fazia suas personagens circularem pelas novas e longas avenidas e pelos extensos bulevares. As pessoas viviam e morriam no que havia de mais moderno então: o burburinho das cidades, seus encantos, suas tragédias.

Dois anos após, em 1899 Mário Totta ingressou na Faculdade de Medicina e Farmácia, formando-se na primeira turma, em 1904, com mais dez colegas, dentre eles uma mulher e sendo o orador da solenidade. Foi professor e médico muito conceituado, sem nunca abandonado suas crônicas no Correio do Povo.

Notícia publicada no jornal Correio do Povo em 23 de maio de 1911 (a grafia da época foi preservada):

“Therezopolis, em peso, prestou, sabbado ultimo, numa extraordinaria manifestação de imponencia, de brilho e de solidariedade unanime, uma grande prova de alta consideração e extremado affecto ao dr. Mario Totta. Estando este clinico de regresso para a cidade, depois de uma permanencia de mezes naquelle bairro, onde o prendia o estado de saúde de sua exma. esposa, agora restabelecida, quizeram os moradores de Therezopolis, antes da partida do dr. Mario Totta, lhe testemunhar toda a grandeza da sua affeição e da gratidão de que ficaram possuidos, pelos serviços medicos que aquelle facultativo ali lhes prestou. E esse testemunho de consideração e de estima não podia ter sido mais eloquente e mais expressivo do que foi abalando todo o arrabalde, sem discrepancia de unico lar. Eram 8 horas da noite quando enorme multidão de familias se dirigiu á residencia do dr. Mario Totta. Em meio de um profundo silencio, levantou-se o dr. Mario, e, tocado de emoção inexprimivel, agradeceu, de novo, aquella prova de affecto que lhe davam. Descreveu elle, em estylo poetico, a belleza e o encanto daquelles lares, em cujo convivio elle tinha polido o seu coração.”


FONTES: 
– http://medicosescritores.com.br/?apid=2358&tipo=114&dt=0&wd=M%E9dicos%20Escritores%20Atrav%E9s%20do%20Tempo&titulo=M%E1rio%20Totta
– Jornal Correio do Povo de 23/05/1911