Auditório Araújo Vianna
O Auditório Araújo Vianna passou por um processo de restauração iniciado em abril de 2010, com a antiga lona sendo substituída por uma estrutura de aço, que sustenta o novo teto fixo. Orçado em mais de R$ 18 milhões, o auditório é administrado pela Secretaria da Cultura e pela Opus Promoções, na primeira parceria público-privada do setor cultural na capital gaúcha.
O Antigo Auditório Araújo Vianna foi construído na esquina da Praça da Matriz e Rua Duque de Caxias.
Andréa Soler Machado em seu trabalho “A Praça da Matriz”, relata:
“No princípio do século Afonso Hebert projetou o Arquivo Público do Estado. Devido ao desnível existente entre o seu terreno e o lado noroeste da Praça, o edifício estreito de frente para a Rua Riachuelo, na altura da Caldas Júnior composto por uma série de arcos em estilo neoclássico, constituiu um muro de arrimo de dez metros de altura, arrematado por uma cornija que redefinia o alinhamento do terreno da Bailante e servia de balaustrada protetora do mesmo. Se é lícito comparar a Praça da Matriz à morada dos Deuses na colina de Atenas, pode-se dizer que a escadaria pública que conecta o pátio do Arquivo Público à Praça é um portal desta Acrópole. Para que pudesse ser construído em 1928 o Auditório Araújo Viana, Otávio Rocha mandou demolir, em 1924, a Casa do Bailante e transferir a Hidráulica, na mesma época, para o Bairro Moinhos de Vento. Com a finalidade de abrigar os concertos da Banda Municipal, o Auditório possuía uma platéia de 400 bancos fixos ao ar livre, dispostos em quatro terraços, segundo a declividade natural do terreno, que convergia para um ponto focal, onde uma grande concha acústica fazia contraponto ao monumento em homenagem a Júlio de Castilhos, situado no centro da esplanada pavimentada da Praça da Matriz. Este magnífico espaço aberto público, por um lado, podia ser lido como extensão da Praça, e neste caso, a antiga Assembléia, localizada ao lado do Palácio Piratini e o Solar dos Câmara, construído em 1818, faziam parte das suas bordas. Por outro, podia ser descrito como limite desta, devido à forte presença física da seqüência de pilares que compunham a pérgola escalonada de fechamento virtual espacial do auditório. Esta pérgola, além de ser um elemento de transição para a Praça, era também um suporte para as rosas trepadeiras que formavam uma verdadeira cobertura vegetal. Em 1958, o Auditório seria demolido e o seu terreno, utilizado no mesmo ano pelo concurso do novo Palácio Legislativo.“
O atual auditório, no Parque Farroupilha, foi inaugurado em 12 de março de 1964, em forma de ferradura, com capacidade para 4.500 pessoas. O projeto é dos arquitetos Moacyr Moojen Marques e Carlos Maximiliano Fayet. A partir de 1970, o Araújo Vianna passa a se caracterizar como espaço para apresentação de espetáculos de MPB. Nos anos 80, suas atividades foram reduzidas, devido à escassez de recursos a ele destinados e à necessidade de reformas.
O Araújo Vianna ficou desativado por dez meses, de dezembro de 1985 a outubro de 1986. Na época, foi realizada uma campanha junto à comunidade buscando levantar fundos para sua reabertura. Em 1989 foi desenvolvida uma iniciativa que visava à recuperação física do espaço. Em 1992, com a abertura do espaço Radamés Gnattali, a ocupação do equipamento ocorre de maneira mais efetiva. Além dos ensaios da Banda Municipal, grupos musicais, teatrais e de dança passaram a utilizá-lo. Em 1996 a iniciativa culminou na reinauguração do espaço com uma cobertura de lona tensionada.
Em 1997, o Parque Farroupilha foi tombado como Patrimônio Histórico e Cultural do Município. Como parte integrante do Parque, o auditório passa a ter sua preservação garantida, sendo que qualquer alteração de projeto deve necessariamente ser aprovada por seus autores (Fayet e Moojen Marques). Atualmente, abriga a Coordenação de Música da Secretaria Municipal da Cultura, a qual está vinculada a Banda Municipal.
A cobertura do Auditório Araújo Vianna foi debatida durante 30 anos. Em meados dos anos 90, nas reuniões do Orçamento Participativo no bairro Bom Fim, foi decidido que uma das prioridades da região seria a construção de sua cobertura. Para estudar o projeto, foram contratados os arquitetos responsáveis pela construção do auditório em 1964 (Fayet e Moojen Marques). A cobertura foi inaugurada em 4 de outubro de 1996, com um histórico show de João Gilberto.
A obrigatoriedade de vedação acústica implicou na necessidade de climatização, reforma das cadeiras da plateia, melhorias internas, ampliação do palco, para atualizá-lo aos padrões atuais em uma casa de espetáculo daquele tamanho, com consequente ampliação dos camarins, infraestrutura hidráulica e elétrica.
FONTES:
Imagem atual do Auditório Araújo Viana: Gilmar Luiz – Jornal do Comércio
http://www.ufrgs.br/propar/publicacoes/ARQtextos/PDFs_revista_0/0_Andrea.pdf
http://www2.portoalegre.rs.gov.br/smc/default.php?p_secao=271
Imagem atual do Auditório Araújo Viana: Gilmar Luiz – Jornal do Comércio