Araújo Vianna
O pianista e compositor erudito, José de Araújo Vianna foi um dos nomes mais famosos da música do Rio Grande do Sul na virada do século XIX para o XX. Além do talento nato, o nome que ganhou notoriedade na sua época vinha de família de músicos e teve sua formação na Europa. Partiu para a Itália aos 22 anos para estudar harmonia e composição com os professores Amintore Galli e Vincenzo Ferroni, no Conservatório Real de Milão. Após dois anos na Itália, seguiu para Paris, na França. As duas cidades acabaram por representar suas grandes influências musicais em termos de gênero e estilo.
Em Porto Alegre, estudou piano com os professores Grunwald e Thomaz Legory. No seu papel de grande incentivador local da música, foi cofundador da Orquestra Filarmônica Porto-alegrense, em 1887, além de ter sido um dos fundadores do Instituto Musical Porto Alegrense, em 1896, e mais tarde do Club Haydn, em 1897. Aos 28 anos escreveu sua primeira ópera: Carmela, estreada em Porto Alegre em 1902 e mais tarde exibida também no Rio de Janeiro. Sua segunda ópera intitula-se Rei Galaor.
Incomparável entusiasta da música, Araújo Vianna não compôs um conjunto de obras extenso, costume compartilhado por muitos compositores de sua época. Apesar disso, não se viu privado de ter atuações de destaque. Araújo Vianna preferiu não se dedicar à carreira de recitalista, tendo optado pelo magistério e também por eventuais acompanhamentos de cantores. Como compositor, produziu obras para canto e piano, orquestra e instrumentos de cordas.
O espaço cultural Auditório Araújo Vianna, localizado no Parque Farroupilha, na capital gaúcha, é uma homenagem ao músico erudito, falecido no Rio de Janeiro aos 45 anos. O músico também é patrono da cadeira nº 34 da Academia Brasileira de Letras.
José de Araújo Vianna nasceu em Porto Alegre (RS), a 10 de fevereiro de 1871 , foi batizado em 01-01-1872 e faleceu no Rio de Janeiro, em 02 de novembro de 1916.
Em José de Araújo Vianna, malogrado compositor rio-grandense tão cedo arrebatado à vida, o talento musical fazia parte da tessitura psicofisiológica. Estava nos nervos e na alma. Por isso mesmo, bem cedo se manifestou e antes dele abrir o “abc” musical, já o seu espírito andava devaneando pelas regiões peregrinas da harmonia e da melodia em líricos com as musas que inspiraram as sinfonias de Mozart e de Beethoven.
José de Araújo Vianna ainda infante, passava os dias ao piano, teclando num cromatismo ainda hesitante, mas com pronunciada vocação, as valsas e as mazurcas, então em voga, ou ia espiar nas salas e nos lugares onde habitualmente se fazia música.
Um dia se tornou professor e penetrou alvoroçadamente na intimidade da divina arte. Começou a educar o seu gosto inato, a criar escola, a aperfeiçoar os seus conhecimentos técnicos e surgiu nele, já definido, o pianista exímio e o compositor notável que a morte, infelizmente, emudeceu em pleno vigor dos anos cheios de sonho.
Familiarizado com os clássicos, desde Bach até Beethoven, Araújo Vianna era um sinfonista admirável e conhecia todos os segredos da harmonia e do contraponto, tendo aprofundado e aperfeiçoado neste sentido, os seus estudos em Milão (Itália).
Aí e depois de regressar à sua pátria, atirou-se com ardor ao trabalho. É copiosa a sua obra esparsa, constando de romances para cantos e números para violino, piano e violoncelo. O Allegro apassionato para violino é uma de suas criações mais conhecidas e estimadas. Breve o maestro de rija envergadura, começou a revelar-se e afirmar-se nos seus vigorosos trabalhos sinfônicos ou composições para conjuntos de cordas ou orquestras, em que o talento e a sua técnica se mostravam e espraiavam.
Aos 28 anos, escreveu Araújo Vianna a sua primeira ópera, Carmela em um ato, foi representada com sucesso no “Theatro S. Pedro” (Porto Alegre – RS), em outubro de 1902. Mais tarde, recebeu a consagração da exigente platéia carioca; seguiu-se, Rei Galaor ópera tecida sobre o conhecido poema dramático do poeta português Eugênio de Castro. Se em Carmela a crítica notou reminiscências longínquas de Mozart, em Rei Galaor vaga uma influência de Beethoven, o que não é fora de propósito afirmar-se, que Araújo Vianna possuía uma personalidade artística própria, isenta de qualquer inspiração estranha. Nem Puccini, nem Mascagni que, à última hora, influenciaram tantos musicistas novos, puderam fazer pressão sobre o espírito criador do maestro rio-grandense, que aliás, votava àqueles compositores uma admiração quase elevada ao fanatismo.
Carmela e Rei Galaor são dramas líricos de altíssimo valor e bastam para conferir a Araújo Vianna um lugar de honra entre os mais afamados escritores de ópera modernos. Arte finíssima, inspiração delicada, técnica perfeita, eis os três raros predicados que faziam do compositor rio-grandense, uma figura inconfundível. Ele tinha escola sua e o seu temperamento artístico saía dos moldes alheios. Os seus nervos eram as cordas bizarras por onde ele afinava as suas composições magistrais. Antes de morrer, escrevia a partitura do Y Juca Pirama, sobre motivos de Gonçalves Dias.
Recebeu justa homenagem e teve sua memória preservada com a inauguração em Porto Alegre do Auditório Araújo Vianna, inaugurado em 1927, no local onde hoje se encontra a Assembléia Legislativa do Estado. O atual auditório, no Parque Farroupilha, foi inaugurado em 12 de março de 1964, em forma de ferradura
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