A Ponte Móvel do Guaíba
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A construção da ponte móvel foi merecidamente festejada no passado. Sessenta anos após sua inauguração já não oferece solução para o volume de trânsito dos dias atuais. Nos anos 1950, as estradas que ligavam o resto do país à capital do Estado esbarravam no quase intransponível Delta do Jacuí para ir ao sul, e mesmo ao oeste. A ligação era feita por barcas do DAER (Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem) que saíam da Vila Assunção, levando veículos e passageiros numa viagem de 20 minutos – mais outros 40 minutos para embarque e desembarque.
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Em 1953, quando o movimento era de 600 veículos e mais de mil passageiros por dia, o sistema exigia alternativas. Cinco anos depois, em 28 de dezembro de 1958, foi inaugurado o complexo de quatro pontes da sonhada travessia rodoviária, que foi denominada Régis Bittencourt, em homenagem ao primeiro diretor do DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem). Em 1962, o governador Leonel Brizola mudou o nome da ponte do Guaíba para Travessia Getúlio Vargas, mas o nome não foi reconhecido pelo governo federal.
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A parte mais vistosa e complexa da obra foi a construção do vão móvel, que se tornou um dos cartões-postais da cidade. Sustentado por quatro torres de 43m de altura, um trecho de 58m de extensão – que pesa 400 toneladas – pode ser elevado mecanicamente a 24m, permitindo a passagem de embarcações de médio porte.
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O que já foi tecnologia de ponta e orgulho gaúcho agora causa a inconveniente interrupção do fluxo de 40 mil veículos por dia e se revela uma grande encrenca.
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Os engenheiros alemães autores do projeto previram que poderíamos ter problemas 35 anos depois da inauguração. Como a ponte tem 53 anos e nada foi feito, aí estão eles. Estamos 18 anos atrasados. Dá para entender?
FONTE: Jornal Zero Hora, de 26 de outubro de 2011
IMAGENS: José Abraham e Jefferson Botega