Cultura Popular
Sempre que tive de ir ao centro da cidade dava de cara com ‘ele’, personificando uma estátua viva, um anjo prateado. E nada sabia desta pessoa de gestos meigos, que fica horas a fio numa mesma posição e que agradece – com gestos suaves – quando alguém lhe joga uma moeda. E agradece a pessoa, com mensagens de Mario Quintana, Erico Veríssimo e outros.
E só hoje – através do jornal – fiquei sabendo um pouco de sua vida. O ‘Anjo’ é argentino, 36 anos, largou a faculdade de arquitetura há 10 anos, vendeu seu apartamento, entregou o dinheiro à sua mãe e resolveu correr o mundo, começando por Porto Alegre. Trabalha na Esquina Democrática e no Parque da Redenção. Seu personagem suaviza os enormes arranha-céus. E o anjo ficou pelos pagos, acho que gostou da hospitalidade.
Seu nome é Abraham Ponce. Desistiu de seguir mundo. Será que é feliz? Respondeu: “uma vez eu estava na praia de Torres e uma mulher me reconheceu como artista do centro de Porto Alegre e disse que a mensagem que lhe entreguei está sempre com ela, há quatro anos – isso é impagável”.
Todo anjo tem sensibilidade. Muitas vezes a gente passa por essas pessoas, estes simpáticos artistas de rua, e desconhece que atrás do personagem existe uma história bonita, um ideal. E seguimos sem dar muita ‘bola’. Agora, mais do que nunca, quando eu passar pelo ‘Anjo de Porto Alegre’ vou lhe dar mais atenção e sempre pegar uma de suas mensagens. Quem sabe lá o anjo não me dê uma mensagem que me diga algo de bom?
Cultura popular da cidade… Muito lindo.
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