Moinhos
Gilberto Werner
É – para mim – o bairro com maior história dentre os bairros de Porto Alegre e – sem dúvida – com a mais bela. Um dia – lembrando este ¨Dia dos Mortos¨- vou pedir que minhas cinzas sejam dispersas – em uma noite calma de lua cheia – nos jardins do ¨Parcão¨.E talvez assim eu possa compreender ou levar junto – aquele sentimento de pura ¨transcendência¨ que senti – há muito tempo – quando em certa noite – sentei-me no degrau da antiga escada do Jockey Club naquele local. Era noite alta e recém saíra da festa no Jockey quando sentei-me. Parecia – à luz da lua – que toda a ¨bacia¨ da pista de corridas se transformara em ¨um lago de prata¨. Aquele local – imanado pelo silêncio feito de mil silêncios – todas as coisas emudeciam – o momento que poderia tocar meu coração apenas com o dedo. Onde tudo parecia ter vida. Eu era apenas um corpo de jovem observando – apenas e deslumbrado – a passagem da HISTÓRIA.
Gilberto Werner, de seu livro Moinhos de Vento – Memória e Reconhecimento