O adeus a um Símbolo

Paixão Côrtes, o adeus a um símbolo

Às dezesseis horas e cinco minutos do dia 27 de agosto de 2018 faleceu João Carlos D’Ávila Paixão Côrtes aos 91 anos. Nascido em Santana do Livramento no dia 12 de julho de 1927, estava afastado da vida pública desde julho de 2017. Paixão Côrtes, engenheiro por formação, foi também pesquisador, folclorista, compositor e radialista. Dedicado a cultura do Rio Grande do Sul e do Brasil, registrou costumes e hábitos populares em inúmeras publicações e discos. Paixão Côrtes serviu de modelo para a Estátua do Laçador, símbolo da cidade de Porto Alegre, obra do escultor Antônio Caringi.

Paixão Côrtes

Em 1947, liderou um grupo de estudantes que fundaram o Departamento de Tradições Gaúchas do Grêmio Estudantil do Colégio Júlio de Castilhos em Porto Alegre, célula-master do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) e dos Centros de Tradição Gaúcha (CTGs).

O folclorista participou da fundação do Centro de Tradições Gaúchas 35, o primeiro CTG, em 1948, e de movimentos cívicos e culturais que deram origem aos símbolos da Chama Crioula e do Candeeiro Crioulo e que inspiraram a criação da Semana Farroupilha.

Paixão Côrtes

Paixão Côrtes deixou uma obra que perpetua sua dedicação à reconstrução das origens do gaúcho e ao  nosso folclore. Em entrevista em 2013, declarou: “Formamos o primeiro CTG porque a gente queria se reunir para tomar mate e usar alpargata. Mas aqui em Porto Alegre isso era considerado coisa de galpão e levamos anos para conquistar nosso espaço. A polícia nos perseguia, éramos considerados maus elementos e nem podíamos entrar em um cinema. Mas hoje temos músicos e poetas que nos valorizam.”

Segundo Ari Riboldi, professor e escritor, para Paixão Côrtes a tradição não era ditada ou ensinada, estava na voz do povo. Estava “nas manifestações colhidas na nascente da nossa gente. Ele bebeu desta fonte: a sabedoria popular, expressa em cantos, danças, ditos, festejos, crenças, lendas. O povo para ele, sempre tem razão, pois é a gênese das manifestações. Por isso Paixão Côrtes também foi um grande folclorista, com visão larga, universal, longe de radicalismos ou bretes de disputas locais. (…) autêntico gaúcho, radialista, pesquisador, ator, dançarino, cantor, compositor, escritor (…) o povo quis que Porto Alegre tivesse justamente na sua figura a representações viva, escolhendo em plebiscito a estátua O Laçador como símbolo da cidade de Porto Alegre.”

FONTES:

Jornal Zero Hora, de 28/08/2018

Jornal Correio do Povo, de 28/08/2018

Jornal O Sul, de 28/08/2018

Jornal Metro, de 28/08/2018

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