Os Cinemas de Rua
Porto Alegre ocupa posição de destaque na historiografia do cinema no Brasil. Quatro meses depois da novidade chegar ao país, ocorreu em novembro 1896, na Rua dos Andradas, uma exibição de “photographias animadas”, como se chamavam os filmes na época.
Alice Dubina Trusz, em seu livro Entre Lanternas Mágicas e Cinematógrafos1, faz referência a chegada do cinema a nossa cidade, nos seguintes termos:
“uma nova modalidade de espetáculo de projeção, fundada num novo gênero de imagens, na época denominadas “fotografias animadas” e hoje filmes, foi pela primeira vez apresentada em Porto Alegre. Em novembro de 1896, dois demonstradores diferentes trouxeram à cidade projetores cinematográficos e os mantiveram em funcionamento diário e noturno durante cerca de vinte dias. Os espetáculos exclusivamente de projeções cinematográficas foram realizados de forma inovadora considerando-se o modo de exibição das vistas, em sessões curtas e sucessivas. A forma de organização dos espetáculos também deve ter determinado a não ocupação dos centros de diversões existentes para as temporadas e a opção preferencial pela abertura de salas próprias, provavelmente menores, no centro da cidade. (…) iniciavam com a projeção de uma imagem fotográfica fixa na tela, algo já conhecido e praticado por meio das lanternas mágicas, mas que após alguns instantes começava a se mover, o que acabava evidenciando a grande novidade destas imagens, o movimento. A maior parte dos primeiros filmes projetados também se caracterizou por apresentar imagens em P&B, o que distinguiu estas projeções daquelas de lanterna mágica, cujas placas de vidro traziam vistas coloridas, inclusive quando fotográficas, que já eram objeto de pintura. Rapidamente, porém, os filmes também ganhariam cor, inicialmente aplicadas à mão e a seguir mediante processos químicos.“
Segundo Alice Dubina Trusz, a primeira sala permanente para projeções cinematográficas foi o Recreio Ideal, Rua dos Andradas, 321, inaugurada em 20 de maio de 1908. Houve uma pré-estréia para a imprensa, abrindo para o público no dia seguinte. A sala oferecia espetáculos noturnos diários em curtas sessões das 18h30 às 23 horas. Os ingressos (1$000rs e $500rs) tinham o valor proporcional a qualidade das acomodações, se de primeira ou segunda classe. Sobre características da sala e da projeção, Alice Trusz relata as seguintes notas publicadas na imprensa:
“Quanto à qualidade da projeção do Recreio Ideal, realizada por um aparelho Pathé Frères, reparou a Federação que, se não tinha uma nitidez perfeita, era tão boa quanto à de outros “aparelhos congêneres”. O Correio do Povo observou que não havia trepidação, que o “salão” estava “muito bem preparado” e tinha “grande número de cadeiras”, de primeira e segunda ordem. “Salão” designava na época a sala de projeções, não tendo havido, com relação ao Recreio Ideal, qualquer indicação sobre a existência de uma sala de espera. Quanto às fitas exibidas, relatou que todas “agradaram imensamente, sobretudo as da “Chegada de Elihu Root ao Rio de Janeiro”, “Reformas e belezas do Rio de Janeiro” e “Enterro e funerais do rei d. Carlos e seu filho d. Luis” Como se pode perceber, os comentários sobre a abertura do novo cinematógrafo distinguiram-se daqueles anteriormente proferidos a cada abertura de uma sala temporária de exibições porque houve um destaque especial às condições estruturais do estabelecimento, ao seu conforto e configuração interiores. No entanto, não houve um entusiasmo maior com relação ao fato da iniciativa inaugurar uma nova fase da exibição, propondo a sua sedentarização, talvez em função da incerteza sobre o futuro do empreendimento. Apenas um ano depois o Recreio Ideal foi reconhecido como “a casa desse gênero (cinematógrafo) que primeiro se estabeleceu na capital.”
OS PRIMEIROS CINEMAS1
Recreio Ideal
Primeiro cinema permanente de Porto Alegre, o Recreio Ideal foi inaugurado em 20 de maio de 1908 na Rua dos Andradas, 321, em frente à Praça da Alfândega.
Recreio Familiar
O Recreio Familiar foi o segundo cinema permanente de Porto Alegre inaugurado em 16 de junho 1908. Na Rua dos Andradas, 329, também em frente da Praça da Alfândega, próximo do Recreio Ideal.
Rio Branco
O Rio Branco, terceiro cinematógrafo permanente de Porto Alegre inaugurado em 03 de outubro1908, na Rua dos Andradas, 477, nas proximidades da Rua Mal. Floriano.
Berlim
O Cinéma Berlim foi inaugurado em 07 de novembro de 1908 na Rua dos Andradas, na mesma quadra fronteira à Praça da Alfândega onde funcionava o Recreio Ideal.
Varieté
O Cinema Varieté ou Variedades estreou para o grande público em 26 de novembro de 1908. De propriedade da empresa Lumière & C, localizava-se na Rua dos Andradas 343. Destaque para “luxuosa e confortável instalação”. Alguns filmes apresentados na semana de inauguração: “Acrobatas esportivos”, “Entre a amante e o amor”, “Viagem original”, “Magia fantástica”, “Ladrões notívagos” e, a pedido, “Pick Pockt”.
Como podemos constatar nas informações acima, o ano de 1908 foi bastante profícuo quanto ao crescimento das salas de projeção na nossa cidade. Há de se levar em conta, entretanto, o fato de que muitas salas abriam, mas nem todas permaneciam por muito tempo em atividade. Stefan Bonow2 em sua dissertação de mestrado atribui essa ocorrência às precariedades técnicas a que estavam sujeitos aqueles estabelecimentos devido a limitações da época. Sérgio da Costa Franco também aborda o assunto quando conta que “algumas salas seriam precárias, transitórias ou associadas a outros negócios. A imprensa as mencionava episodicamente e depois desapareciam das colunas dos jornais.” 3 Sérgio da Costa Franco também avalia a importância do cinema como distração para os porto-alegrenses ao dizer que “de fato, o cinema se tornara, em pouco tempo, uma coqueluche local. Não faltavam sequer os produtores locais de dramas (O ranchinho de palha, com estréia em 27/31909 no Recreio Ideal), ou de documentários, repetidamente referidos, na programação, pelo menos desde 1911”.
OS CINEMAS DE RUA
No período entre 1896 e 1908 o cinema foi apresentado em Porto Alegre pelos chamados “exibidores itinerantes”, em temporadas, até o advento das primeiras salas permanentes de exibição.
No final do século XIX, Porto Alegre era uma cidade de contrastes. Olavo Amaro da Silveira Neto4 (Cinemas de Rua em Porto Alegre) observa que “os ares sofisticados da Belle Epoque parisiense da Rua da Praia contrastavam com a precariedade da qualidade de vida da população. (…) A cidade ainda não dispunha de água potável canalizada, somente distribuída em poucas ruas centrais, enquanto as demais eram abastecidas por caminhões pipas. A rede de esgoto cloacal também era inexistente até 1908, quando começou a substituir as fossas fixas ou móveis (chamados cubos ou cabungos). (…) No entanto, pelo rio Guayba, chegavam novidades da capital federal e da Europa. Estas novidades fomentavam certa efervescência mundana, pelos salões e bulevares porto-alegrenses.”
Para Susana Gastal5 “os divertimentos da população eram a música, o teatro, as agremiações e sociedades, e o cinematógrafo, freqüentado não só por adultos, mas também com sessões especiais para crianças”. Sobre as primeiras projeções na cidade a pesquisadora destaca que as “vistas animadas”, que incluíam títulos como O Bosque de Boulogre, a Dança Serpentina e A Chegada do Trem na Estação de Lyon, continham a grande vantagem do cinematógrafo em relação a outros aparelhos, porque ele possibilitava tanto a filmagem como a exibição das fitas. Sobre a primeira casa com destinação específica para o cinema, o Recreio Ideal, Susana Gastal transcreve em seu livro5 uma nota de jornal na época: “O salão está muito bem preparado e tem grande número de cadeiras, sendo os trabalhos de cenografia executados pelo conhecido cenógrafo Alfredo Tubino. O aparelho cinematográfico é, sem dúvida, o melhor que até agora veio a esta capital, não se notando nas projeções a mínima trepidação.”
A versão de Cristiano Zanella sobre a primeira sessão de cinema (The End – Cinemas de Calçada em Porto Alegre (1990-2005) 6 está assim formulada: “em 05 de novembro de 1896, o cinema chega a Porto Alegre! A primeira exibição de filmes da história da cidade incluía títulos documentais, como O bosque de Bologne, A dança serpentina e A chegada do trem na estação de Lyon, projetados através da “última descoberta de Edison”: “Com um aparelho chamado Scenomotographom em 05 de novembro de 1896, na Pharmacia Jouvin, localizada na Rua da Praia, Francisco de Paola e Dewison exibiram as primeiras imagens animadas para os porto-alegrenses”. RECHENBERG; GOELLNER; CAPARELLI, in: HAUSSEN (org.) 2000, p. 286 e 287.”
Zanella registra que a implantação da energia elétrica ensejou considerável impulso para a atividade cinematográfica na cidade e a implantação das primeiras salas de exibição permanente. Nas primeiras duas décadas do século XX, observa-se a expansão das salas de cinema em direção aos bairros, seguindo os caminhos das linhas dos bondes. “Nas primeiras décadas de cinema em Porto alegre, viu-se uma grande rotatividade de salas. Este fato vem a demonstrar a incipiência de um mercado que, embora muito promissor, renova-se incessantemente devido às constantes descobertas tecnológicas que tornavam obsoletas salas recém inauguradas. Por outro lado, o cinema ainda não havia encontrado seu público fiel: por esse motivo, grande parte dos espaços de exibição funcionavam como cine-teatro prática que se estenderá, com menor intensidade, até a década de 60. – RECHENBERG; GOELLNER; CAPARELLI, in: HAUSSEN (org.) 2000, p. 271.” 7
AS SALAS DE CINEMA
Os pesquisadores Olavo Amaro da Silveira Neto4 e Susana Gastal5 relacionaram em seus trabalhos um grande número de informações sobre a cronologia das salas de cinema de Porto Alegre. Webpoa registra algumas dessas informações: o ano de inauguração, o local e a tipologia das salas de cinema. O caráter de transitoriedade de algumas delas, pela efemeridade de sua existência, pode ter como explicação a necessidade de adaptação a novas tecnologias.
Sala | Ano | Local | Legenda |
Recreio Ideal | 1908 | Rua da Praia | 1, 2 |
Recreio Familiar | 1908 | Rua da Praia | 1 |
Rio Branco | 1908 | Rua da Praia | 1, 2 |
Berlim | 1908 | Rua da Praia | 1, 2 |
Variedades | 1908 | Rua da Praia | 1, 2 |
Recreio Moderno | 1908 | Demétrio Ribeiro | 1,2 |
Smart Salão | 1909 | Rua da Praia | 1, 2 |
Odeon | 1910 | Rua da Praia | 1, 2 |
Cine Theatro Coliseu | 1910 | R.Voluntários da Pátria | 1, 2, 7 |
Royal | 1910 | Rua da Praia | 1, 2 |
Parisiense Salão | 1911 | Rua da Praia | 1, 2 |
Familiar | 1911 | Rua da Azenha | l |
Cinema Avenida | 1912 | Rua General Câmara | 1, 2, 8 |
Cosmopolita | 1912 | Av. Germânia | 1, 2 |
Democrata | 1912 | Rua São Pedro | 1, 2 |
Força e Luz | 1912 | Av. Pres. Roosevelt | 1, 2 |
Nollet | 1912 | Rua João Alfredo | 1, 2 |
Cine Teatro Guarany | 1913 | Rua da Praia | 1, 2, 8 |
Garibaldi | * | Av. Venâncio Aires | 1, 2, 9 |
Brazil | 1913 | Rua João Alfredo | 1, 2 |
Íris (depois Selecto) | 1913 | Rua da Praia | 1, 2 |
Cinematógrafo Hirtz | 1913 | Av. Independência | l |
Cine Teatro Apollo | 1914 | Av. Independência | 1, 2, 8, 4 |
Cinema Colombo | 1914 | Av. Cristovão Colombo | 1, 2,8 |
Cinematografo Noivo | 1914 | 1, 2 | |
Ponto Chic | 1914 | Av. Pres. Roosevelt | 1, 2 |
Cinema Hélios | 1915 | Rua São Pedro | 1, 2 |
Petit Cassino | 1916 | Rua da Praia | 1, 2,8 |
Royal | 1916 | Bairro Parthenon | l |
Cine Theatro Selecta | 1916 | Rua da Praia | l |
Cine Theatro Tales | 1917 | Av. Pres. Roosevelt | 1, 2 |
CineTheatro Carlos Gomes | 1917 | Pc da Alfândega | 1, 2 |
Centro Cathólico | 1917 | 1, 2 | |
Cine Maravalha | 1917 | Bairro Tristeza | 1, 2 |
Cinema Orion | 1918 | Av. Bonfim | 1, 2 |
Cinema Vênus | ** | Av. Pres. Roosevelt | 1, 2 |
Cinematógrafo Teresópolis | 1918 | Bairro Teresópolis | 1, 2 |
Cinema Édem | 191? | l | |
Cine Palais (Palácio) | 1920 | Rua Coronel Genuíno | 1, 2, 8 |
Cinema Central | 1921 | Rua da Praia | 1, 2, 7 |
Cinema Recreio | 1921 | Rua Barão do Triunfo | 1, 2 |
Cine Theatro República | 1922 | Rua Sete de Setembro | 1, 2 |
Cine Orpheu | 1923 | Rua Benjamin Constant | 1, 2, 8 |
CineTheatro Carlos Gomes | 1923 | Rua Vigário José Inácio | 1, 2, 8 |
Cinema América | 1923 | Rua Venâncio Aires | 1, 2 |
Cinema Mont Serrat | 1923 | 1, 2 | |
Cinema Avenida | 1923 | Av. João Pessoa | 1, 2, 7 |
Cine Teatro Centenário | 1923 | Rua Vigário José Inácio | l, 8 |
Cine Teatro Navegantes | 1923 | Av. Cairu | 1, 2, 7 |
Cine Teatro Moderno | 1924 | Rua Siqueira Campos | 1, 2 |
Pavilhão Elegante | 1924 | 1, 2 | |
Salão Glória | 1924 | Av. Oscar Pereira | 1, 2 |
Cinema Gioconda | 1925 | Av. Wenceslau Escobar | 1, 2, 9 |
Cine Theatro Capitólio | 1928 | Rua Demétrio Ribeiro | 1, 2, 7 |
Cinema Colombo | 1928 | Av. Cristovão Colombo | l, 8 |
Cinema Ypiranga | 1928 | Av. Cristovão Colombo | 1, 2, 8 |
Cine Teatro Petersen | 1928 | Caminho do Meio | l, 4 |
Cinema Rosário | 1928 | Av. Cristovão Colombo | 1, 2 |
Cine Teatro Real | 1928 | Av. Assis Brasil | l, 7 |
Cinema Rio Branco | 1929 | Av. Protásio Alves | 1, 2, 8 |
Cine Theatro Variedades | 1929 | Rua Andrade Neves | 1, 2 |
Cinema Popular São João | 1930 | Av. Benjamin Constant | 1, 2, 8 |
Cinema Imperial | 1931 | Rua da Praia | 1, 2, 5 |
Cine Teatro Baltimore | 1931 | Av. Bom Fim | 1, 2, 4 |
Cinema Rex | 1936 | Rua da Praia | 1, 2, 8 |
Cinema Roxy | 1938 | Rua da Praia | 1, 2 |
Cinema Castello | 1939 | Av. da Azenha | 1, 2, 4 |
Cinema Rosário | 193? | Av. Assis Brasil | l |
Cinema Vera Cruz | 1940 | Av. Borges de Medeiros | 1, 2, 5 |
Cinema Petrópolis | 1940 | Rua João Abott | 1, 2 |
Cinema Cruzeiro | 1942 | Av. Benjamin | l, 3 |
Cinema Brasil | 1943 | Av. Bento Gonçalves | 1, 2 |
Cinema Eldorado | 1943 | Av. Benjamin Constant | 1, 2 |
Cine-teatro Riviera (Talia) | 1943 | Av. Presidente Roosevelt | l |
Cinema Rival | 1944 | 1, 2 | |
Cinema Marabá | 1947 | Rua Coronel Genuíno | 1, 2, 5 |
Cinema América | 1947 | Av. Assis Brasil | 1, 2, 4 |
Cinema Baluarte | 1947 | Av. Assis Brasil | 1, 2 |
Cinema Ritz | 1948 | Av. Protásio Alves | 1, 2, 4 |
Cinema Cristo Redentor | 1948 | Av. Assis Brasil | l |
Cinema Anchieta | 1948 | 1, 2 | |
Cinema Continente | 1951 | Av. João Pessoa | 1, 2 |
Cinema Miramar | 1952 | Av. Aparício Borges | 1, 2, 4 |
Cinema Vila Jardim | 1952 | 1, 2 | |
Cinema Oásis | 1953 | Rua Barão do Triunfo | 1, 2 |
Cinema Vitória | 1953 | Av. Borges de Medeiros | l, 5 |
Teatro de Bolso Palermo | 1953 | Rua 7 de Setembro | 1, 2 |
Cinema Marrocos | 1953 | Av. Getúlio Vargas | 1, 2, 6 |
Cine Teatro Teresópolis | 1953 | Av. Teresópolis | 1, 2, 6 |
Cinema Rex | 1954 | Av. Assis Brasil | l |
Cinema Rey | 1954 | Av. Assis Brasil | 1, 2 |
Cine Art | 1954 | Bairro Belém Novo | 1, 2 |
Cinema Estrela | 1955 | Estrada do Forte | 1, 2 |
Cinema OK | 1955 | Av. Assis Brasil | 1, 2 |
Cine Teatro Continente | 1956 | Av. Borges de Medeiros | 1, 2, 5 |
Cine Popular Cinemascote | 1956 | 1, 2 | |
Cinema Tamoio | 1957 | Av. Cavalhada | 1, 2, 9 |
Cinema Medianeira | 1957 | Av. Medianeira | 1, 2 |
Cinema Cacique | 1957 | Rua dos Andradas | 1, 2, 5 |
Cinema Pirajá | 1957 | Av. Bento Gonçalves | 1, 2 |
Cinema Belgrano | 1957 | Bairro Belém Novo | 1, 2 |
Cinema Paquetá | 1957 | Vila São José | 1, 2 |
Cinema Mônaco | 1958 | Av. Osvaldo Aranha | 1, 2 |
Cine Teatro Presidente | 1958 | Av. Benjamin Constant | 1, 2, 6 |
Cinema Ipanema | 1958 | Av. Flamengo | 1, 2 |
Cinema Nirvana | 1959 | Av. Ceará | 1, 2 |
Cinema Sarandi | 1959 | 1, 2 | |
Cinema Vogue | 1959 | Av. Independência | 1, 2, 5 |
Cinema Ceará | 1960 | Av. Ceará | l |
Cine Atlas | 1960 | Av. Protásio Alves | 1, 2, 3 |
Cinema Roma | 1960 | Bairro Azenha | 1, 2, 5 |
Cinema Piratini | 1960 | R. Vicente da Fontoura | 1, 2 |
Cinema Alvorada | 1960 | Av. Carlos Barbosa | 1, 2 |
Cinema Brasília | 1960 | Rua Barão do Triunfo | l |
Cinema Rex | 1960 | Rua Sete de Setembro | 1, 2, 9 |
Cinema Dom Bosco | 1961 | 1, 2 | |
Cinema Rivoli | 1961 | Rua 7 de Setembro | 1, 2 |
Cinema Moinhos de Vento | 1961 | Av. 24 de Outubro | 1, 2, 5 |
Cinema Arco Iris | 1961 | 1, 2 | |
Cinema Savic | 1961 | Vila dos Comerciários | 1, 2 |
Astor | 1963 | Av. Benjamin Constant | l, 7 |
Cinema Coral | 1966 | Av. 24 de Outubro | l, 5 |
Cinema São João | 1968 | Av. Salgado Filho | 1, 2, 5 |
Cine ABC | 1969 | Av. Venâncio Aires | l, 9 |
Cine Teatro Real | 1969 | Av. Assis Brasil | 1, 2, 5 |
Cinema Premiére | 1969 | Rua Demétrio Ribeiro | l, 7 |
Cinema Regente | 1970 | 1, 2 | |
Cinema Scala | 1970 | Rua da Praia | 1, 2, 5 |
Cinema Lido | 1970 | Av. Borges de Medeiros | l, 5 |
Cinema Mini Baltimore | 1970 | Av. Osvaldo Aranha | 1, 2, 10 |
Park Auto Cine | 1970 | Bairro Ipanema | 1, 2 |
Cinema Açores | 1974 | Av. Protásio Alves | 1, 2 |
Cinema Britou | 1975 | Av. Osvaldo Aranha | l, 10 |
Cinema Áurea | 1980 | Av. Júlio de Castilhos | 1, 2, 7 |
LEGENDAS:
1 – Cinemas de Rua em Porto Alegre – Do Recreio Ideal (1908) ao Açores (1974). Dissertação de Olavo Amaro da Silveira Neto (mestrado) – Orientação de Fernando Freitas Fuão – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Arquitetura, Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura. Porto Alegre, RS, 2001.
2 – Salas de Cinema – Cenários Porto-alegrenses, de Susana Gastal (texto) e Eduardo Aigner (fotos), Unidade Editorial, Porto Alegre, RS, 1999.
Classificação de Olavo Amaro da Silveira Neto quanto a tipologia das salas de cinema
3 – Déco de Esquina – Edificação art-déco, anterior ao movimento moderno, onde predominam as linhas retas e a geometrização da fachada. Caracterizam este tipo, a sequência de cheios e vazios, o ritmo de elementos retos apostos à fachada e o escalonamento da platibanda. Localizado em esquina, o acesso pode se dar tanto pela esquina como pela fachada de menor dimensão. Internamente a sala comporta platéia e eventualmente um balcão ao fundo e um nível de galeria lateral, negando as ordens de frisas e camarotes.
4 – Déco Meio de Quadra – Edificação art-déco, pró-modernista, localizada em meio de quadra de quarteirão, com predomínio de linhas retas e geometrização da fachada. Caracterizam este tipo a seqüência de cheios e vazios, o ritmo de elementos retos apostos à fachada e o escalonamento simétrico da platibanda, referência aos frontões dos cinemas palácios. O acesso normalmente se dá por abertura central na fachada.
5 – Edifício de Uso Misto – Sala de cinema situado no pavimento térreo de edificação em altura, de uso predominantemente residencial. O acesso do cinema é diferenciado do acesso residencial, graças à permeabilidade da fachada, obtida através de marquises, escadarias e colunas.
6 –Cinema Modernista – Sala de cinema apropriando-se de elementos de linguagem e princípios compositivos validados pelo Movimento Moderno. Predominam neste tipo as superfícies limpas, sem aposição de elementos decorativos, desaparecendo frontões e planos inclinados de cobertura visíveis em fachada. Também é negada a simetria do projeto, tanto em planta baixa como em fachada.
7 – Palácio de Esquina – Edificação de grande porte, situada em esquina de quarteirão. Utiliza elementos tipo-morfológicos tomados emprestados dos grandes teatros: pórticos, base rusticada, piano nobile, coroamento por frontões. Sobre a fachada são aplicados elementos decorativos de inspiração clássica, barroca, étnica ou folclórica. A edificação geralmente comporta platéia e duas a três séries de balcões e camarotes.
8 – Palácio de Meio de Quadra – Comporta características semelhantes ao Palácio de Esquina, mas neste caso situado em meio de quarteirão. A fachada é normalmente simétrica, com ênfase no acesso principal central, configurando as aberturas térreas laterais como saída das sessões. Internamente, da mesma maneira que os palácios de esquina, a sala geralmente comporta platéia e duas a três séries de balcões e camarotes.
9 – Cinema Simples – Sala “de calçada” extremamente simples, sem adoção de linguagem arquitetônica específica, nem referência historicista, caracterizada na fachada por uma porta central de acesso, uma bilheteria e eventualmente uma porta de saída. O conjunto é coberto por uma marquise reta e uma platibanda ocultando o telhado. Normalmente construídos nos bairros populares, caracterizavam-se pela programação de reprises, programas duplos e filmes de segunda linha.
10 – Sala Subdividida –- Salas de cinema construídas a partir da divisão de uma sala de grande porte (qualquer um dos tipos 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9). Normalmente são criadas duas salas, seja pela divisão da platéia (Cinemas Avenida 1 e 2), seja pelo fechamento do mezanino ou balcão (Cinemas Cacique e Scala).
* Olavo Amaro da Silveira Neto registra como o ano de inauguração 1913. Susana Gastal, 1914.
** Olavo Amaro da Silveira Neto registra como o ano de inauguração 1918. Susana Gastal, 1920.
FONTES:
1 Trusz, Alice Dubina, Entre Lanternas Mágicas e Cinematógrafos, Editora Terceiro Nome, 2010 – Vencedora da categoria Tese de Doutorado da primeira edição do Prêmio SAV para Publicação de Pesquisa em Cinema e Audiovisual (2009-2010), investiga as práticas comerciais do cinematógrafo para fins de entretenimento, desde a sua introdução na cidade, em 1896, até a abertura das primeiras salas permanentes especializadas na exibição cinematográfica, em 1908.
2Bonow, Stefan Chamorro, O cinema em Porto Alegre (1910-1914). Uma força irresistível. (Dissertação, Mestrado em História) Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da PUCRS, 2005, Porto Alegre.
3Franco, Sérgio da Costa, Guia Histórico de Porto Alegre, Editora da UFRGS, 2006, Pg. 111 e 112.
4Cinemas de Rua em Porto Alegre – Do Recreio Ideal (1908) ao Açores (1974). Dissertação de Olavo Amaro da Silveira Neto (mestrado) – Orientação de Fernando Freitas Fuão – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Arquitetura, Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura. Porto Alegre, RS, 2001.
5Salas de Cinema – cenários porto-alegrenses, de Susana Gastal (texto) e Eduardo Aigner (fotos), Unidade Editorial, Porto Alegre, RS, 1999.
6 The End: cinemas de calçada em Porto Alegre (1990-2005), de Cristiano Zanella, Ed. Idéias a Granel, Porto Alegre, 2006, pg. 24
7 Idem, pg. 28